O veterano trompetista e bandleader, James “Boogaloo” Bolden, é uma das atrações mais aguardadas na edição de 2023 do Ibitipoca Blues, que acontece nos dias 25 e 26 de agosto em Ibitipoca, e promete tocar os corações dos fãs do Rei do Blues, BB King.
Nascido em 1950, na cidade de Houston, Texas, James “Boogaloo” Bolden começou sua carreira tocando trompete ainda quando era estudante e, logo em seguida, se apresentou com artistas como Stevie Wonder, Isaac Hayes, Temptations, Supremes e James Brown.
Anos mais tarde, Bolden ganhou a oportunidade de trabalhar com Duke Ellington. Depois, juntou-se à banda de BB King, na qual permaneceu por mais de 40 anos, tornando-se seu bandleader.
Após a morte de BB King, em 2015, Boogaloo formou sua própria banda, a “The James Bolden Blues Band”, e segue se apresentando em diversos festivais do gênero realizados em todo o mundo. A seguir, um bate-papo com essa estrela do Blues.
- Para você, qual é a parte mais importante do seu show?
A parte mais importante do meu show é poder me conectar com o meu público, para eles poderem sentir a música e não apenas ouvir a música. Em cada apresentação, procuro dar o melhor da minha performance para que o público saia satisfeito e feliz.
- Quais músicas seus fãs podem esperar neste show?
Os fãs podem esperar algumas músicas que são familiares ao B B King, como “The Thrill is Gone” e “Rock Me Baby”. Mas sempre procuro apresentar algumas canções próprias e autorais, como “Hey There Pretty Woman”. Não quero dar uma lista completa de músicas que fazem parte do setlist, pois quero surpreender o público sobre qual será a próxima música que vamos tocar.
- Esta é a sua primeira vez no Ibitipoca Blues. Quais são suas expectativas para o festival?
Sim, esta é a minha primeira vez em Ibitipoca participando do festival. Espero que seja um show com ingressos esgotados e uma multidão muito entusiasmada para curtir o blues da maneira como ele merece. Amo vir ao Brasil. Amo a cultura e as pessoas, e como eles parecem ser apaixonados por música de diferentes tipos e ritmos. Eu realmente me sinto em casa quando estou por aqui.
- De onde veio esse apelido “Boogaloo”?
Quem me deu esse apelido, Boogaloo, foi BB King quando entrei para sua banda pela primeira vez. O motivo foi a forma como eu dançava, balançando a cabeça, os quadris e as pernas enquanto tocava. Ele percebeu isso e começou a me apresentar como Boogaloo. A única coisa ruim sobre essa mania de balançar o corpo é que já trouxe alguns problemas para a minha saúde agora que estou mais velho. Hoje não consigo mais andar e ficar de pé por mais tempo como era antes. Fora isso, estou muito saudável e me sinto ótimo.
- O que te tocou, emocionalmente, na música de BB King?
Sem dúvidas as letras de BB King e sua entrega a cada música. Estando com ele por 35 anos e fazendo, no mínimo, 300 shows todos os anos, pude perceber que a sua música nunca me cansava. Cada show era novo, mesmo que tivéssemos tocado as mesmas canções repetidamente. Algumas das músicas do BB que mais tocam meu coração são: “Guess Who”, “Hummingbird”, “To Know You Is Love You” e “The Thrill is Gone”.
- Qual foi o melhor conselho que B.B. já te deu? Há alguma lembrança da estrada que você gostaria de compartilhar conosco?
O melhor conselho dado por BB foi para ser eu mesmo, pois ninguém pode ser melhor que você. Então, quando você me ouve cantar suas canções, nunca tento imitá-lo, apenas canto sua música da melhor maneira que posso. Sobre lembranças, teve uma vez em que estávamos em turnê no Canadá, na estrada, os carros iam passando pelo ônibus em que estávamos buzinando para nós e acenando com as mãos para fora das janelas. Achamos que eram apenas fãs reconhecendo o ônibus de BB King porque o nome dele estava escrito no ônibus. Mas depois descobrimos que a parte traseira do ônibus estava pegando fogo. Quando percebemos o que realmente estava acontecendo, paramos na beira da estrada, pegamos nosso extintor de incêndio e apagamos as chamas. A temperatura lá fora era -19ºC e tivemos que esperar do lado de fora, no frio, para que a ajuda viesse.
- Do blues do passado, do que você mais sente falta hoje em dia?
Em primeiro lugar, sinto saudades de intérpretes do Blues como BB King, Bobby Blue Bland, Muddy Waters, Little Milton, James Cotton, Albert King, Albert Collins e Etta James. É uma longa lista de nomes que nos deixaram e que fazem falta para o blues nos dias de hoje.
- Quais são os seus desejos para o futuro?
Meu desejo para o futuro é que os novos artistas aprendam e entendam a história do Blues e continuem a interpretá-lo com suas experiências de vida e verdades. Meu medo é que os jovens percam a verdadeira essência do Blues, fazendo com que a sua história deixe de existir.
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